2025: Onde estão os Postos de Carregamento no Brasil?

A Revolução Silenciosa da Mobilidade Brasileira

A eletrificação da frota brasileira já não é um futuro distante: ela está acontecendo agora, transformando silenciosamente nossas cidades, estradas e hábitos de consumo. Com vendas recordes de veículos elétricos nos últimos trimestres e uma infraestrutura em rápida expansão, o Brasil está testemunhando uma das maiores transformações de sua matriz de transportes desde a introdução do etanol.

Mas qual é o verdadeiro cenário da infraestrutura de carregamento para veículos elétricos no Brasil? Quais são os desafios que ainda precisamos superar? Como se compara nossa jornada de eletrificação com outros países emergentes e desenvolvidos? E, talvez mais importante, o que isso significa para você, potencial comprador ou já proprietário de um EV?

Com base em dados recentes e análises exclusivas, vamos explorar todas as facetas deste fenômeno: onde estão os principais hubs de carregamento, quais regiões ainda enfrentam desafios, a evolução histórica da infraestrutura, como as diferentes velocidades de carregamento impactam a experiência dos motoristas, e muito mais.

Parte 1: O Mapa da Eletrificação Brasileira

A Expansão Nacional da Infraestrutura de Recarga

Atualmente, o Brasil conta com 6.241 estações de carregamento espalhadas por 1.240 cidades. Esta infraestrutura crescente está transformando o mapa da mobilidade brasileira, mas esta distribuição está longe de ser uniforme.

O Desequilíbrio Regional: Um Brasil de Múltiplas Velocidades

A maior parte das estações de carregamento está concentrada no Sudeste e no Sul do Brasil, que juntos possuem mais de 65% da infraestrutura total. O estado de São Paulo lidera em disparado, seguido por Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Enquanto isso, o Norte e o Nordeste ainda têm uma presença tímida, mas começam a receber investimentos significativos.

Distribuição Regional Detalhada:

  • Sudeste: 2.775 estações (44,5% do total nacional)
  • Sul: 1.644 estações (26,3% do total nacional)
  • Nordeste: 1.143 estações (18,3% do total nacional)
  • Centro-Oeste: 498 estações (8,0% do total nacional)
  • Norte: 182 estações (2,9% do total nacional)

Distribuição por Estados (Ranking Completo)

  • São Paulo: 1.614 estações (25,9% do total)
  • Rio Grande do Sul: 598 estações (9,6%)
  • Santa Catarina: 565 estações (9,1%)
  • Rio de Janeiro: 558 estações (8,9%)
  • Minas Gerais: 476 estações (7,6%)
  • Paraná: 446 estações (7,1%)
  • Goiás: 241 estações (3,9%)
  • Bahia: 207 estações (3,3%)
  • Ceará: 200 estações (3,2%)
  • Distrito Federal: 200 estações (3,2%)
  • Espírito Santo: 162 estações (2,6%)
  • Pernambuco: 159 estações (2,5%)
  • Rio Grande do Norte: 100 estações (1,6%)
  • Mato Grosso: 97 estações (1,6%)
  • Paraíba: 88 estações (1,4%)
  • Alagoas: 84 estações (1,3%)
  • Piauí: 83 estações (1,3%)
  • Maranhão: 79 estações (1,3%)
  • Mato Grosso do Sul: 73 estações (1,2%)
  • Pará: 61 estações (1,0%)
  • Sergipe: 42 estações (0,7%)
  • Amazonas: 32 estações (0,5%)
  • Rondônia: 21 estações (0,3%)
  • Tocantins: 13 estações (0,2%)
  • Amapá: 3 estações (0,05%)
  • Acre: 2 estações (0,03%)

🔍 Análise Aprofundada: O estado de São Paulo sozinho possui mais carregadores do que toda a região Norte e Nordeste somadas, mostrando um forte desequilíbrio na infraestrutura. Este desequilíbrio reflete não apenas a distribuição econômica do país, mas também as diferentes prioridades de investimento público e privado.

Densidade de Carregadores por População

Para entender melhor o cenário atual, é importante analisar não apenas o número absoluto de carregadores, mas também sua relação com a população:

EstadoCarregadores por 100 mil habitantes
Santa Catarina7,1
Rio Grande do Sul5,2
Distrito Federal6,3
São Paulo3,4
Paraná4,1
Rio de Janeiro2,1
Amazonas1,3
Bahia1,9
Pará0,4

🔍 Insight Demográfico: Surpreendentemente, alguns estados menos populosos como Santa Catarina e Distrito Federal possuem uma densidade de carregadores por habitante superior à de São Paulo, indicando um maior nível de adoção proporcional à população.

A Distribuição por Municípios: Além das Capitais

As capitais ainda concentram grande parte dos pontos de recarga, mas algumas cidades do interior já se destacam como polos de eletromobilidade.

As Capitais Líderes:

  • São Paulo (SP): 213 estações
  • Rio de Janeiro (RJ): 230 estações
  • Curitiba (PR): 132 estações
  • Goiânia (GO): 118 estações
  • Porto Alegre (RS): 99 estações
  • Recife (PE): 87 estações
  • Belo Horizonte (MG): 82 estações
  • Brasília (DF): 198 estações
  • Salvador (BA): 76 estações
  • Fortaleza (CE): 68 estações

Destaques do Interior:

  • Campinas (SP): 79 estações
  • Joinville (SC): 64 estações
  • Uberlândia (MG): 57 estações
  • Ribeirão Preto (SP): 52 estações
  • Blumenau (SC): 49 estações
  • Caxias do Sul (RS): 47 estações
  • Londrina (PR): 43 estações
  • São José dos Campos (SP): 41 estações
  • Bauru (SP): 38 estações
  • Florianópolis (SC): 37 estações
  • Maringá (PR): 35 estações
  • Sorocaba (SP): 34 estações
  • Niterói (RJ): 33 estações
  • Santos (SP): 31 estações
  • Jundiaí (SP): 29 estações

Análise Municipal: A presença significativa de cidades do interior, especialmente no eixo Sul-Sudeste, indica que algumas regiões estão criando verdadeiros corredores de eletromobilidade, permitindo viagens intermunicipais sem ansiedade de autonomia.

A Revolução nas Rodovias: Corredores Elétricos

Um dos avanços mais significativos nos últimos dois anos foi a criação de “corredores elétricos” conectando grandes cidades.

Principais Corredores Elétricos:

  • Corredor São Paulo-Rio: 42 estações ao longo da Via Dutra
  • Corredor São Paulo-Curitiba: 37 estações pela BR-116
  • Corredor Porto Alegre-Florianópolis: 29 estações pela BR-101
  • Corredor Belo Horizonte-Rio: 25 estações pela BR-040
  • Corredor Brasília-Goiânia: 18 estações pela BR-060
  • Corredor Salvador-Recife: 21 estações pela BR-101
  • Corredor São Paulo-Campinas-Ribeirão Preto: 32 estações
  • Corredor Curitiba-Florianópolis: 26 estações

Caso Prático: Em 2025, percorrer o trajeto São Paulo-Rio exclusivamente em veículos elétricos, precisa de apenas duas paradas para recarga rápida de 30 minutos cada. Apenas dois anos antes, a mesma viagem exigiria pelo menos 4 paradas com tempos de espera incertos.

Parte 2: A Evolução Histórica – De Nicho a Necessidade

O Crescimento Exponencial: Números que Impressionam

Nos últimos 5 anos, o número de carregadores no Brasil cresceu mais de 500%, um avanço significativo que demonstra o crescente interesse na eletromobilidade. A maior aceleração ocorreu entre 2021 e 2023, com a infraestrutura praticamente dobrando nesse período.

Evolução Anual (Número de Estações de Carregamento):

  • 2019: 912 estações
  • 2020: 1.245 estações (+36,5%)
  • 2021: 2.134 estações (+71,4%)
  • 2022: 3.689 estações (+72,9%)
  • 2023: 5.345 estações (+44,9%)
  • 2024 (Provisório): 6.241 estações (+16,8%)

Projeção Fundamentada: Se a taxa de crescimento se mantiver, o Brasil poderá ultrapassar 15.000 pontos de recarga até 2027. Considerando os investimentos anunciados por empresas do setor elétrico e montadoras, este número pode ser ainda maior.

As Grandes Empresas por Trás da Expansão

O crescimento da infraestrutura não seria possível sem o investimento de diversas empresas. Conheça os principais players deste mercado:

  • EDP Brasil: Lidera com mais de 650 pontos de carregamento
  • Raízen (Shell): Cerca de 480 estações em postos de combustível
  • Porsche/Audi/Volkswagen: Aproximadamente 420 carregadores em concessionárias e parceiros
  • Volvo/BYD: Mais de 380 pontos instalados
  • Rede Ipiranga: 350 unidades em postos selecionados
  • Tesla Superchargers: 120 carregadores ultrarrápidos exclusivos
  • CPFL: 230 unidades em áreas urbanas
  • Enel X: 210 estações principalmente no Sudeste
  • BMW: 180 pontos principalmente em concessionárias e hotéis
  • Eletropostos Brasil: 175 unidades operadas independentemente

Parte 3: A Tecnologia por Trás dos Carregadores

Tipos de Carregadores: Entendendo as Diferenças

A velocidade de carregamento é um fator essencial para a experiência dos motoristas de EVs. No Brasil, os carregadores se dividem em cinco categorias principais:

  • Carregadores Lentos (AC até 7 kW): 981 unidades (15,7%)
  • Tempo médio para carga completa: 6-10 horas
  • Locais típicos: Residências, estacionamentos de longa duração
  • Carregadores Médios (AC 7-22 kW): 3.661 unidades (58,7%)
  • Tempo médio para carga completa: 3-5 horas
  • Locais típicos: Shopping centers, supermercados, estacionamentos corporativos
  • Carregadores Semi-Rápidos (DC 22-50 kW): 653 unidades (10,5%)
  • Tempo para 80% da carga: 30-60 minutos
  • Locais típicos: Postos em rodovias, concessionárias, hubs de mobilidade urbana
  • Carregadores Rápidos (DC 50-100 kW): 328 unidades (5,3%)
  • Tempo para 80% da carga: 20-40 minutos
  • Locais típicos: Postos em rodovias principais, hubs de mobilidade urbana
  • Carregadores de Alta Potência (DC 100-200 kW): 75 unidades (1,2%)
  • Tempo para 80% da carga: 15-30 minutos
  • Locais típicos: Postos em rodovias principais, hubs de mobilidade urbana

Insights Técnicos: O mercado de carregadores rápidos está em franco crescimento no Brasil, com destaque para os corredores elétricos que ligam grandes centros urbanos. A meta para 2026 é ter mais de 3.000 carregadores rápidos no país.

Distribuição de Conectores

A infraestrutura brasileira apresenta uma distribuição diversificada de tipos de conectores:

  • Type 2: 8.294 conectores (predominante)
  • CCS2: 1.639 conectores
  • CHAdeMO: 201 conectores

Em média, cada estação possui 1,62 conectores, com 2.323 estações oferecendo múltiplos pontos de recarga.

Conclusão: O Futuro da Mobilidade Elétrica no Brasil

A eletrificação da frota brasileira está apenas começando, mas o crescimento acelerado da infraestrutura de carregamento é um indicativo claro de que estamos indo na direção certa. A evolução continua, e com os investimentos certos, a mobilidade elétrica no Brasil será mais acessível, prática e sustentável. Resta saber se o Brasil será capaz de superar os desafios regionais e garantir uma integração ainda mais ampla em todo o território.

Em resumo, a revolução dos veículos elétricos no Brasil está em pleno curso e, com a colaboração de governo, empresas e consumidores, é possível vislumbrar um futuro promissor para a mobilidade elétrica no país.


Fonte: Dados de infraestrutura de recarga 2025, análise da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) e fontes de mercado.