
Whoosh no Brasil: Um Novo Capítulo para os Patinetes Elétricos Compartilhados
Análise da Whoosh, empresa de patinetes elétricos compartilhados que chegou ao Brasil após Yellow e Grow, adotando estratégia diferenciada de crescimento sustentável.
Após o encerramento das operações da Yellow e Grow no mercado brasileiro, muitos analistas questionaram a viabilidade dos patinetes elétricos compartilhados como modelo de negócio sustentável no país. No entanto, uma nova empresa entrou nesse mercado adotando uma abordagem diferente. A Whoosh, companhia de origem russa com sede em Lisboa, Portugal, tem expandido suas operações no Brasil desde 2021, buscando aprender com os erros de seus predecessores.
Visão e Missão da Empresa
A Whoosh foi fundada com a visão de transformar a mobilidade urbana, estabelecendo como missão garantir que os moradores das cidades possam chegar aos seus destinos principais em 15 minutos ou menos. A empresa foca em soluções de mobilidade para curtas distâncias, como patinetes elétricos, e visa eliminar barreiras entre viagens curtas e trajetos de até 10 km, oferecendo transporte que se propõe a ser inteligente, acessível e eficiente.
Esta filosofia se alinha com o conceito de "cidade de 15 minutos", um modelo urbano onde as necessidades básicas dos cidadãos podem ser atendidas dentro de uma curta caminhada ou deslocamento de suas residências.
Presença e Expansão no Brasil
Atualmente, a Whoosh opera em quatro principais cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre. Com uma frota de aproximadamente 5.000 patinetes ativos, a empresa já acumula números expressivos:
Números Impressionantes
- Mais de 1 milhão de usuários no país
- 3,5 milhões de viagens realizadas em um ano e meio de operação
- Planos de expansão para chegar a 10.000 patinetes até o final de 2025
- Pretensão de entrar em uma ou duas novas cidades brasileiras ainda em 2025
Investimentos por Cidade
No quesito investimentos, a empresa destinou:
Cidade | Investimento |
---|---|
São Paulo | R$ 50 milhões |
Rio de Janeiro | R$ 30 milhões |
Florianópolis + Porto Alegre | R$ 15 milhões (distribuídos) |
A estratégia tem sido de crescimento gradual, focando em consolidar um mercado antes de avançar para o próximo.
Estratégia de Expansão
A abordagem de expansão da Whoosh difere substancialmente da adotada por empresas anteriores neste mercado. Enquanto a Yellow e Grow seguiram uma estratégia agressiva de rápido crescimento, a Whoosh optou por um modelo mais cauteloso e sustentável:
Pilares da Estratégia
Expansão baseada em rentabilidade:
- A empresa só avança para novas cidades depois que as operações anteriores se tornam rentáveis
Foco em cidades estratégicas:
- Prioriza municípios com mais de 1 milhão de habitantes
- Infraestrutura mínima de ciclovias
Integração com transporte público:
- Busca estabelecer operações próximas a estações de metrô, trem e terminais de ônibus
Adaptação às regulamentações locais:
- Trabalha com as prefeituras para desenvolver modelos de operação adequados a cada cidade
Ampliação por fases:
- Começa com operações menores e aumenta a frota gradualmente conforme a demanda
A empresa planeja ampliar sua frota atual de 5.000 para 10.000 patinetes até o final de 2025, mas essa expansão deve ocorrer de forma calculada, com crescimento tanto nas cidades onde já atua quanto na entrada em uma ou duas novas localidades.
Estratégia Diferenciada: Aprendendo com o Passado
O que diferencia a abordagem da Whoosh das tentativas anteriores no mercado brasileiro de patinetes compartilhados? A empresa parece ter absorvido importantes lições dos fracassos da Yellow e Grow:
Relacionamento com o Poder Público
Um dos principais fatores que contribuiu para o colapso das operações anteriores foi a falta de diálogo com autoridades. A Whoosh adotou uma estratégia diferente:
- Trabalha em conjunto com autoridades locais para estabelecer regras claras de operação
- Obtém credenciamento e aprovações necessárias dos municípios e do Contran
- Implementa regras de operação alinhadas com as exigências municipais
Abordagem Técnica e de Segurança
Para enfrentar os desafios de segurança e vandalismo, a empresa investiu em tecnologia e operações:
Equipamentos de qualidade:
- Utiliza patinetes da marca Segway, considerados mais resistentes e com maior autonomia
Monitoramento 24/7:
- Implementou sistema de monitoramento 24 horas com GPS e chip em todos os equipamentos
Limitações de circulação:
- Limitou a circulação dos patinetes a ciclovias, ciclofaixas e vias com velocidade máxima de 40 km/h
- Estabeleceu limite de velocidade de 20 km/h nos patinetes
- Ajuste automático em áreas específicas
Regras de segurança:
- Proibiu o uso por menores de 18 anos
- Proibiu o transporte de passageiros
Estacionamento Organizado
Para evitar um dos principais problemas urbanos causados pelos patinetes – o abandono desordenado nas calçadas – a Whoosh:
- Estabeleceu pontos virtuais de estacionamento
- Em São Paulo, instalou 88 estações de compartilhamento aprovadas pela prefeitura
- Criou zonas de proibição onde o patinete desativa automaticamente a operação
Manutenção e Durabilidade
Entendendo que os equipamentos precisam suportar o uso intensivo, a empresa:
- ⏰ Implementou um programa de manutenção preventiva obrigatória a cada 12 dias
- Focou em equipamentos de melhor qualidade para reduzir problemas de patinetes quebrados
- Localiza parte da produção de componentes na Rússia, resultando em economia nos custos
Sustentabilidade Financeira e Ambiental
A questão da sustentabilidade financeira era um dos maiores desafios para as operações anteriores. A Whoosh afirma já ter atingido o ponto de equilíbrio em algumas operações, como em Florianópolis, indicando uma abordagem mais cautelosa de expansão.
Impacto Ambiental
No aspecto ambiental, a empresa reporta:
- Mais de 400 toneladas de emissões de CO2 evitadas no Brasil
- Em Florianópolis, redução de mais de 65 toneladas de CO2 em 18 meses de operação
- Testes para adaptação de sistemas de recarga com energia solar
Desafios Persistentes
Apesar das adaptações, o modelo de negócio de patinetes elétricos compartilhados ainda enfrenta desafios significativos no Brasil:
- Infraestrutura urbana inadequada para micromobilidade
- Variações climáticas que afetam o uso dos patinetes
- Cultura ainda em desenvolvimento quanto ao respeito aos equipamentos compartilhados
- Dificuldades logísticas para recarga e redistribuição dos patinetes
Integração com Transporte Público
Uma das estratégias centrais da Whoosh tem sido posicionar os patinetes como complemento ao transporte público, não como concorrente. A empresa foca na solução do problema da "primeira e última milha" – os trechos iniciais e finais de um deslocamento que muitas vezes são os mais desafiadores para o transporte público atender eficientemente.
Esta abordagem de complementaridade pode ser um diferencial importante para a sustentabilidade do negócio a longo prazo, ao integrar os patinetes ao ecossistema mais amplo de mobilidade urbana.
Ainda é Cedo para Declarar Sucesso
Embora existam indicadores positivos na operação da Whoosh no Brasil, é prudente manter cautela antes de declarar o modelo um sucesso definitivo. O mercado de micromobilidade compartilhada é relativamente novo e ainda está em evolução.
A empresa parece ter corrigido alguns dos erros mais evidentes de suas predecessoras, mas o desafio de estabelecer um modelo de negócio sustentável a longo prazo permanece. Fatores como a eventual renovação da frota, a manutenção contínua dos equipamentos e a necessidade de adaptação à medida que as regulamentações evoluem ainda serão testes importantes para a longevidade da operação.
Lições para o Mercado de Micromobilidade
O caso da Whoosh no Brasil, independentemente de seu desfecho final, já oferece algumas lições importantes para o mercado de micromobilidade:
Principais Aprendizados
Crescimento sustentável supera expansão rápida:
- A abordagem mais gradual da Whoosh contrasta com a rápida expansão da Yellow e Grow
Diálogo com autoridades é essencial:
- Trabalhar dentro do arcabouço regulatório, em vez de tentar contorná-lo, parece ser um fator crítico
Qualidade sobre quantidade:
- Investir em equipamentos mais robustos e em manutenção adequada reduz custos operacionais no longo prazo
Complementaridade, não substituição:
- Posicionar-se como complemento ao transporte público cria um nicho mais claro e potencialmente mais sustentável
Adaptação ao contexto local:
- Compreender as peculiaridades do mercado brasileiro e adaptar o modelo de negócio a elas é fundamental
A história dos patinetes elétricos compartilhados no Brasil ainda está sendo escrita. Se a Whoosh conseguirá estabelecer um capítulo de sucesso duradouro nessa história ou se enfrentará os mesmos desafios que levaram suas antecessoras ao fracasso, só o tempo dirá.
FAQ: Whoosh e Patinetes Elétricos no Brasil
1. De onde vem a Whoosh e quando chegou ao Brasil?
A Whoosh é uma empresa de origem russa com sede em Lisboa, Portugal. Iniciou suas operações no Brasil em 2021, após o encerramento das operações da Grow (Yellow e Grin).
2. Em quais cidades brasileiras a Whoosh opera atualmente?
Atualmente, a empresa opera em quatro cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre, com planos de expansão para uma ou duas novas cidades em 2025.
3. Como funciona o sistema de estacionamento dos patinetes da Whoosh?
Diferentemente de seus predecessores, a Whoosh estabeleceu pontos virtuais específicos para estacionamento dos patinetes. Em São Paulo, por exemplo, foram instaladas 88 estações de compartilhamento aprovadas pela prefeitura. Além disso, a empresa implementou zonas de proibição onde os patinetes são automaticamente desativados.
4. Quais medidas de segurança a Whoosh implementou?
A empresa limitou a velocidade dos patinetes a 20 km/h, restringiu a circulação a ciclovias, ciclofaixas e vias com limite de velocidade de 40 km/h, proibiu o uso por menores de 18 anos, e implementou sistema de monitoramento 24 horas com GPS em todos os equipamentos.
5. O que é a estratégia de "primeira e última milha"?
Este conceito se refere aos trechos iniciais e finais de um deslocamento, que frequentemente são os mais desafiadores para o transporte público atender eficientemente. A Whoosh posiciona seus patinetes como solução complementar ao transporte público para esses trechos, facilitando o acesso dos usuários a estações de metrô, ônibus e outros modais.
6. A Whoosh é lucrativa no Brasil?
Segundo informações da própria empresa, já atingiu o ponto de equilíbrio (breakeven) em algumas operações, como em Florianópolis. A empresa adota uma estratégia de expansão sustentável, avançando para novos mercados apenas quando os anteriores alcançam rentabilidade.
7. Como a Whoosh lida com a manutenção dos patinetes?
A empresa implementou um programa de manutenção preventiva obrigatória a cada 12 dias e investiu em equipamentos mais robustos (da marca Segway) para reduzir problemas e aumentar a vida útil da frota.
8. Qual é a visão e missão da Whoosh?
A Whoosh foi fundada com a missão de transformar a mobilidade urbana, garantindo que os moradores das cidades possam chegar aos seus destinos principais em 15 minutos ou menos. A empresa visa eliminar barreiras entre viagens curtas e trajetos de até 10 km, oferecendo transporte inteligente, acessível e eficiente, alinhando-se ao conceito de "cidade de 15 minutos".
9. Qual é a estratégia de expansão da Whoosh no Brasil?
A Whoosh adota uma abordagem de crescimento gradual, expandindo-se apenas depois que as operações existentes se tornam rentáveis. A empresa foca em cidades com mais de 1 milhão de habitantes e boa infraestrutura de ciclovias, prioriza a integração com o transporte público, e implementa suas operações por fases. Atualmente planeja ampliar sua frota de 5.000 para 10.000 patinetes até o final de 2025.
Nota Editorial: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. Não possuímos nenhum vínculo comercial, patrocínio ou parceria com a Whoosh ou qualquer outra empresa citada neste texto. Nossa análise busca apresentar dados e informações objetivas sobre o mercado de patinetes elétricos compartilhados no Brasil, sem promover ou endossar serviços específicos. Todas as informações foram compiladas a partir de fontes públicas disponíveis no momento da publicação.
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