Whoosh no Brasil: Um Novo Capítulo para os Patinetes Elétricos Compartilhados
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Whoosh no Brasil: Um Novo Capítulo para os Patinetes Elétricos Compartilhados

Análise da Whoosh, empresa de patinetes elétricos compartilhados que chegou ao Brasil após Yellow e Grow, adotando estratégia diferenciada de crescimento sustentável.

10 min de leitura

Após o encerramento das operações da Yellow e Grow no mercado brasileiro, muitos analistas questionaram a viabilidade dos patinetes elétricos compartilhados como modelo de negócio sustentável no país. No entanto, uma nova empresa entrou nesse mercado adotando uma abordagem diferente. A Whoosh, companhia de origem russa com sede em Lisboa, Portugal, tem expandido suas operações no Brasil desde 2021, buscando aprender com os erros de seus predecessores.

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Visão e Missão da Empresa

A Whoosh foi fundada com a visão de transformar a mobilidade urbana, estabelecendo como missão garantir que os moradores das cidades possam chegar aos seus destinos principais em 15 minutos ou menos. A empresa foca em soluções de mobilidade para curtas distâncias, como patinetes elétricos, e visa eliminar barreiras entre viagens curtas e trajetos de até 10 km, oferecendo transporte que se propõe a ser inteligente, acessível e eficiente.

Esta filosofia se alinha com o conceito de "cidade de 15 minutos", um modelo urbano onde as necessidades básicas dos cidadãos podem ser atendidas dentro de uma curta caminhada ou deslocamento de suas residências.

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Presença e Expansão no Brasil

Atualmente, a Whoosh opera em quatro principais cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre. Com uma frota de aproximadamente 5.000 patinetes ativos, a empresa já acumula números expressivos:

Números Impressionantes

  • Mais de 1 milhão de usuários no país
  • 3,5 milhões de viagens realizadas em um ano e meio de operação
  • Planos de expansão para chegar a 10.000 patinetes até o final de 2025
  • Pretensão de entrar em uma ou duas novas cidades brasileiras ainda em 2025

Investimentos por Cidade

No quesito investimentos, a empresa destinou:

CidadeInvestimento
São PauloR$ 50 milhões
Rio de JaneiroR$ 30 milhões
Florianópolis + Porto AlegreR$ 15 milhões (distribuídos)

A estratégia tem sido de crescimento gradual, focando em consolidar um mercado antes de avançar para o próximo.

Estratégia de Expansão

A abordagem de expansão da Whoosh difere substancialmente da adotada por empresas anteriores neste mercado. Enquanto a Yellow e Grow seguiram uma estratégia agressiva de rápido crescimento, a Whoosh optou por um modelo mais cauteloso e sustentável:

Pilares da Estratégia

Expansão baseada em rentabilidade:

  • A empresa só avança para novas cidades depois que as operações anteriores se tornam rentáveis

Foco em cidades estratégicas:

  • Prioriza municípios com mais de 1 milhão de habitantes
  • Infraestrutura mínima de ciclovias

Integração com transporte público:

  • Busca estabelecer operações próximas a estações de metrô, trem e terminais de ônibus

Adaptação às regulamentações locais:

  • Trabalha com as prefeituras para desenvolver modelos de operação adequados a cada cidade

Ampliação por fases:

  • Começa com operações menores e aumenta a frota gradualmente conforme a demanda

A empresa planeja ampliar sua frota atual de 5.000 para 10.000 patinetes até o final de 2025, mas essa expansão deve ocorrer de forma calculada, com crescimento tanto nas cidades onde já atua quanto na entrada em uma ou duas novas localidades.

Estratégia Diferenciada: Aprendendo com o Passado

O que diferencia a abordagem da Whoosh das tentativas anteriores no mercado brasileiro de patinetes compartilhados? A empresa parece ter absorvido importantes lições dos fracassos da Yellow e Grow:

Relacionamento com o Poder Público

Um dos principais fatores que contribuiu para o colapso das operações anteriores foi a falta de diálogo com autoridades. A Whoosh adotou uma estratégia diferente:

  • Trabalha em conjunto com autoridades locais para estabelecer regras claras de operação
  • Obtém credenciamento e aprovações necessárias dos municípios e do Contran
  • Implementa regras de operação alinhadas com as exigências municipais

Abordagem Técnica e de Segurança

Para enfrentar os desafios de segurança e vandalismo, a empresa investiu em tecnologia e operações:

Equipamentos de qualidade:

  • Utiliza patinetes da marca Segway, considerados mais resistentes e com maior autonomia

Monitoramento 24/7:

  • Implementou sistema de monitoramento 24 horas com GPS e chip em todos os equipamentos

Limitações de circulação:

  • Limitou a circulação dos patinetes a ciclovias, ciclofaixas e vias com velocidade máxima de 40 km/h
  • Estabeleceu limite de velocidade de 20 km/h nos patinetes
  • Ajuste automático em áreas específicas

Regras de segurança:

  • Proibiu o uso por menores de 18 anos
  • Proibiu o transporte de passageiros

Estacionamento Organizado

Para evitar um dos principais problemas urbanos causados pelos patinetes – o abandono desordenado nas calçadas – a Whoosh:

  • Estabeleceu pontos virtuais de estacionamento
  • Em São Paulo, instalou 88 estações de compartilhamento aprovadas pela prefeitura
  • Criou zonas de proibição onde o patinete desativa automaticamente a operação

Manutenção e Durabilidade

Entendendo que os equipamentos precisam suportar o uso intensivo, a empresa:

  • ⏰ Implementou um programa de manutenção preventiva obrigatória a cada 12 dias
  • Focou em equipamentos de melhor qualidade para reduzir problemas de patinetes quebrados
  • Localiza parte da produção de componentes na Rússia, resultando em economia nos custos

Sustentabilidade Financeira e Ambiental

A questão da sustentabilidade financeira era um dos maiores desafios para as operações anteriores. A Whoosh afirma já ter atingido o ponto de equilíbrio em algumas operações, como em Florianópolis, indicando uma abordagem mais cautelosa de expansão.

Impacto Ambiental

No aspecto ambiental, a empresa reporta:

  • Mais de 400 toneladas de emissões de CO2 evitadas no Brasil
  • Em Florianópolis, redução de mais de 65 toneladas de CO2 em 18 meses de operação
  • Testes para adaptação de sistemas de recarga com energia solar

Desafios Persistentes

Apesar das adaptações, o modelo de negócio de patinetes elétricos compartilhados ainda enfrenta desafios significativos no Brasil:

  • Infraestrutura urbana inadequada para micromobilidade
  • Variações climáticas que afetam o uso dos patinetes
  • Cultura ainda em desenvolvimento quanto ao respeito aos equipamentos compartilhados
  • Dificuldades logísticas para recarga e redistribuição dos patinetes

Integração com Transporte Público

Uma das estratégias centrais da Whoosh tem sido posicionar os patinetes como complemento ao transporte público, não como concorrente. A empresa foca na solução do problema da "primeira e última milha" – os trechos iniciais e finais de um deslocamento que muitas vezes são os mais desafiadores para o transporte público atender eficientemente.

Esta abordagem de complementaridade pode ser um diferencial importante para a sustentabilidade do negócio a longo prazo, ao integrar os patinetes ao ecossistema mais amplo de mobilidade urbana.

Ainda é Cedo para Declarar Sucesso

Embora existam indicadores positivos na operação da Whoosh no Brasil, é prudente manter cautela antes de declarar o modelo um sucesso definitivo. O mercado de micromobilidade compartilhada é relativamente novo e ainda está em evolução.

A empresa parece ter corrigido alguns dos erros mais evidentes de suas predecessoras, mas o desafio de estabelecer um modelo de negócio sustentável a longo prazo permanece. Fatores como a eventual renovação da frota, a manutenção contínua dos equipamentos e a necessidade de adaptação à medida que as regulamentações evoluem ainda serão testes importantes para a longevidade da operação.

Lições para o Mercado de Micromobilidade

O caso da Whoosh no Brasil, independentemente de seu desfecho final, já oferece algumas lições importantes para o mercado de micromobilidade:

Principais Aprendizados

Crescimento sustentável supera expansão rápida:

  • A abordagem mais gradual da Whoosh contrasta com a rápida expansão da Yellow e Grow

Diálogo com autoridades é essencial:

  • Trabalhar dentro do arcabouço regulatório, em vez de tentar contorná-lo, parece ser um fator crítico

Qualidade sobre quantidade:

  • Investir em equipamentos mais robustos e em manutenção adequada reduz custos operacionais no longo prazo

Complementaridade, não substituição:

  • Posicionar-se como complemento ao transporte público cria um nicho mais claro e potencialmente mais sustentável

Adaptação ao contexto local:

  • Compreender as peculiaridades do mercado brasileiro e adaptar o modelo de negócio a elas é fundamental

A história dos patinetes elétricos compartilhados no Brasil ainda está sendo escrita. Se a Whoosh conseguirá estabelecer um capítulo de sucesso duradouro nessa história ou se enfrentará os mesmos desafios que levaram suas antecessoras ao fracasso, só o tempo dirá.


FAQ: Whoosh e Patinetes Elétricos no Brasil

1. De onde vem a Whoosh e quando chegou ao Brasil?

A Whoosh é uma empresa de origem russa com sede em Lisboa, Portugal. Iniciou suas operações no Brasil em 2021, após o encerramento das operações da Grow (Yellow e Grin).

2. Em quais cidades brasileiras a Whoosh opera atualmente?

Atualmente, a empresa opera em quatro cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre, com planos de expansão para uma ou duas novas cidades em 2025.

3. Como funciona o sistema de estacionamento dos patinetes da Whoosh?

Diferentemente de seus predecessores, a Whoosh estabeleceu pontos virtuais específicos para estacionamento dos patinetes. Em São Paulo, por exemplo, foram instaladas 88 estações de compartilhamento aprovadas pela prefeitura. Além disso, a empresa implementou zonas de proibição onde os patinetes são automaticamente desativados.

4. Quais medidas de segurança a Whoosh implementou?

A empresa limitou a velocidade dos patinetes a 20 km/h, restringiu a circulação a ciclovias, ciclofaixas e vias com limite de velocidade de 40 km/h, proibiu o uso por menores de 18 anos, e implementou sistema de monitoramento 24 horas com GPS em todos os equipamentos.

5. O que é a estratégia de "primeira e última milha"?

Este conceito se refere aos trechos iniciais e finais de um deslocamento, que frequentemente são os mais desafiadores para o transporte público atender eficientemente. A Whoosh posiciona seus patinetes como solução complementar ao transporte público para esses trechos, facilitando o acesso dos usuários a estações de metrô, ônibus e outros modais.

6. A Whoosh é lucrativa no Brasil?

Segundo informações da própria empresa, já atingiu o ponto de equilíbrio (breakeven) em algumas operações, como em Florianópolis. A empresa adota uma estratégia de expansão sustentável, avançando para novos mercados apenas quando os anteriores alcançam rentabilidade.

7. Como a Whoosh lida com a manutenção dos patinetes?

A empresa implementou um programa de manutenção preventiva obrigatória a cada 12 dias e investiu em equipamentos mais robustos (da marca Segway) para reduzir problemas e aumentar a vida útil da frota.

8. Qual é a visão e missão da Whoosh?

A Whoosh foi fundada com a missão de transformar a mobilidade urbana, garantindo que os moradores das cidades possam chegar aos seus destinos principais em 15 minutos ou menos. A empresa visa eliminar barreiras entre viagens curtas e trajetos de até 10 km, oferecendo transporte inteligente, acessível e eficiente, alinhando-se ao conceito de "cidade de 15 minutos".

9. Qual é a estratégia de expansão da Whoosh no Brasil?

A Whoosh adota uma abordagem de crescimento gradual, expandindo-se apenas depois que as operações existentes se tornam rentáveis. A empresa foca em cidades com mais de 1 milhão de habitantes e boa infraestrutura de ciclovias, prioriza a integração com o transporte público, e implementa suas operações por fases. Atualmente planeja ampliar sua frota de 5.000 para 10.000 patinetes até o final de 2025.


Nota Editorial: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. Não possuímos nenhum vínculo comercial, patrocínio ou parceria com a Whoosh ou qualquer outra empresa citada neste texto. Nossa análise busca apresentar dados e informações objetivas sobre o mercado de patinetes elétricos compartilhados no Brasil, sem promover ou endossar serviços específicos. Todas as informações foram compiladas a partir de fontes públicas disponíveis no momento da publicação.

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